Decomposição das taxas de mortalidade por doenças cardiovasculares na população adulta: um estudo para as microrregiões brasileiras entre 1996 e 2015
DOI:
https://doi.org/10.20947/S102-3098a0050Palavras-chave:
Decomposição, Mortalidade, Mortalidade cardiovascular, Demografia, Análise espacial, Microrregiões brasileiras,Resumo
As mortes por doenças cardiovasculares constituem um dos mais sérios problemas de saúde, pois representam a primeira causa de morte em todo o planeta, inclusive no Brasil (algo em torno de 30% nos últimos anos). Entretanto, a mortalidade devido a essa causa não se apresenta de maneira uniforme no território brasileiro, uma vez que o país ainda possui importantes disparidades regionais resultantes das desigualdades socioeconômicas e de acesso aos sistemas de saúde. Diante disso, o objetivo deste artigo é verificar como efeitos de idade e taxas podem explicar o diferencial observado de mortes por doenças cardiovasculares na população adulta, por sexo, nas microrregiões brasileiras, no período de 1996 a 2015. Para tanto, e após a correção dos sub-registro de óbitos, foi utilizada a técnica de decomposição. Os resultados sugerem que há uma diminuição nas taxas de mortes por doenças cardiovasculares e que tanto o efeito da estrutura etária como o do nível podem ter influenciado na variação destas mortes registradas no Brasil ao longo do período analisado. Estes achados indicam que a transição epidemiológica brasileira não é uniforme entre e mesmo dentro dos próprios estados e, consequentemente, o Brasil ainda tem um extenso percurso para caminhar.Downloads
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