A vez da mulher camponesa: movimento social, identidade e saúde no Maranhão (um relato hirschmaniano)
Palavras-chave:
Mulheres camponesas, Movimentos sociais, Identidade social, Saúde coletivaResumo
O artigo discute o surgimento de um movimento social no interior do Estado do Maranhão e suas implicações para a saúde das populações camponesas. Através de muitas gerações, as famílias rurais dependiam do extrativismo das palmeiras de babaçu para auferir alguma renda, seja pela venda das amêndoas do coco babaçu, seja trocando-as por itens de consumo. A coleta dos coquilhos era livre, as palmeiras eram consideradas uma dádiva da natureza, e os fazendeiros não opunham resistência à entrada das mulheres “quebradeiras” em suas propriedades. Recentemente, a formação de grandes empresas no campo e a opção de muitos fazendeiros pela criação de gado tornaram impossível a “coleta livre” nos cocais – um direito até então considerado sagrado para a população camponesa. A atitude dos proprietários de terras criou enorme ressentimento entre as trabalhadoras e, ao longo do tempo, propiciou as condições para a mobilização política em torno de seus interesses. “Avançar coletivamente”, aponta Albert O. Hirschman, “por vezes envolve resultados imprevisíveis”. Tendo iniciado como um movimento social com um objetivo preciso – a reconquista do direito à coleta livre nos babaçuais –, a luta das mulheres camponesas na Terra Maranhense logo orientou-se por uma agenda mais ampla de direitos sociais, na última década do século 20. Nessa pauta de lutas, o direito à saúde tornou-se um dos pontos prioritários.
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