População, recursos naturais e poder territorializado: uma perspectiva teórica supratemporal
Palavras-chave:
População e história, População e recursos, População e geopolíticaResumo
Esse ensaio discute relações sociopolíticas e territoriais que recobrem a dinâmica demográfica, os recursos naturais e o exercício do poder em diferentes momentos históricos. A reflexão sobre a China contemporânea e seu desenvolvimento econômico fortemente consumidor de recursos naturais serve de parâmetro para estabelecer conexões com outros tempos históricos nos quais a combinação em tríade poder, recursos e população sempre esteve presente. Quatro tempos históricos são sublinhados: o da passagem do Pleistoceno para o Holoceno; o do florescimento da civilização grega; o da reestruturação europeia do século XVI; e o da arrancada industrializante a partir de fins do século XVIII, que introduziu um longo período de hegemonia econômica europeia. Formas de poder político, população e os recursos de subsistência e de proeminência são cruciais para o entendimento da tessitura de projetos de expansão protagonizados por países europeus e não europeus, especialmente a partir do século XIX, momento em que rivalidades e interesses geopolíticos tornam-se explosivos e estruturam divisões internacionais do trabalho que se reproduziram por muito tempo. As análises e os exemplos arrolados permitem indagar se o ideário expansionista não estaria assumindo hoje novas roupagens, ainda que não mais exclusivamente territorialista. Há fortes indícios de que uma memória coletiva grandiloquente realimenta antigos mitos fundadores que valorizam identidades nacionais em ambientes de pouca racionalidade, nos quais a perspectiva de maximização de lucros e oportunidades contagia a todos.Downloads
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