Especulações sobre o papel do aborto provocado no comportamento reprodutivo das jovens brasileiras
Resumo
Impera, mundialmente, a percepção de que a gravidez na adolescência seja um problema. Isto porque, num passado próximo, observou-se um incremento nas taxas de fecundidade relativas a essas mulheres, concomitante a uma redução da taxa geral. Mesmo reconhecendo-se uma desaceleração mundial nas taxas de fecundidade das adolescentes, a atenção e a preocupação com o tema em pauta não deixam de crescer. Isso porque, paralelamente, a proporção de mães solteiras vem sofrendo um considerável incremento, com conseqüências graves para a mãe, o filho e a sociedade. A nosso ver, o problema chave é o de que diante de uma gravidez consumada, inclusive pelas agruras da inserção social dos adolescentes, restam-lhes poucas opções. Com isso, não raras vezes, recorrem ao aborto provocado ilegalmente, que se constitui em uma das principais, senão a principal causa de morte materna. Visando, então, contribuir para o aprofundamento dessa questão, procedeu-se a uma breve especulação sobre o impacto do aborto provocado no comportamento reprodutivo das jovens brasileiras, no decênio 1990-2000. Para tanto, recorreu-se ao artifício da extrapolação, partindo-se dos resultados obtidos em duas pesquisas de campo, mediante o emprego da TRA. Em linhas gerais, os dados vêm de encontro aos de Guzmán et alii, (2001), que revelam uma tendência a uma maior propensão de as adolescentes provocarem abortos na região da América Latina. De fato, contra o discreto aumento na proporção de abortos por gestações para o conjunto das mulheres brasileiras, entre as jovens – 20-24 anos de idade – esse aumento é da ordem de 38% e, entre as adolescentes, chega quase aos 50%! Do que resulta para estas últimas a ocorrência de nada menos que 42 abortos a cada 100 gestações.
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