Formação de um novo proletariado: as operárias do distrito industrial de Manaus
Resumo
Este texto objetiva fazer uma primeira análise do processo de formação do proletariado feminino do Distrito Industrial da Zona Franca de Manaus. Trata-se de dar início ao registro da história e das estórias destas mulheres, as quais, num curtíssimo prazo de tempo, passam de "ribeirinhas" da floresta amazônica a operárias da indústria de eletro-eletrônica e produtoras de TVs, vídeos, computadores, etc. Se considerada a defasagem cultural em termos de níveis de acesso ao desenvolvimento tecnológico, é viável afirmar tratar-se de um salto no tempo equivalente a séculos de civilização. Na análise, procura-se, ao se acompanhar os processo de integração dessas mulheres (adaptação e conflito), apanhar suas trajetórias na fábrica e na família, instituições nas quais atuam cotidianamente. Esta abordagem permitiu identificar a bilateralidade das mudanças no processo de adaptação entre capital e trabalho. Pôde-se, desta forma, apontar situações de ajustes comportamentais nas relações de trabalho tanto por parte das gerências de supervisão das fábricas e das próprias empresas (no que se refere a políticas de benefícios especiais inusitadas na região), quanto das operárias (os efeitos da sujeição a prolongadas jornadas de trabalho atento e imóvel). Quanto à organização familiar, que, na maior parte dos casos, não se apresenta estruturada da forma tradicionalmente conceituada - o casal como base da unidade -, duas regularidades podem ser constatadas: a forte presença -ou inexistência- de um homem (marido, companheiro, amigo) como arrimo de família. A compreensão deste desenho de família, bem como da postura mais independente dessa operária frente ao home, além de outras situações mencionadas no texto, não se esgotam na observação, no relato das operárias e nas informações dos seus empregadores: isto exigiria uma análise aprofundada das raízes de sua herança histórica, cujo registro é praticamente desconhecido.Downloads
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